Envie sua colaboração para a edição especial sobre Moda e Figurino da revista dObras (n. 43)
Moda e Figurino: transversalidades no processo e na pesquisa
Organizadoras:
Dra. Ana Cleia Christovam Hoffmann
Dra. Desirée Bastos de Almeida
Dra. Rosane Muniz Rocha
Prazo de envio: 30 de julho de 2024
Previsão de publicação: abril/2025
Seja nas práticas discursivas cotidianas, seja nas artes das representações, a roupa se torna extensão do corpo. Como uma metamorfose, de formas e cores representativas de um corpo que está em movimento, se desloca em um espaço tridimensional e em um ritmo que, devidamente regulado, pode ter o rigor e a unidade de um movimento musical. Desta forma, o figurino deixa de ser um disfarce e torna-se elemento essencial do movimento dramático, atuando também como campo cenográfico.
Os de(signos) para esta área são muitos: “figurino”, “traje de cena”, “segunda pele do ator”, “design de aparência de atores”, “objeto sensível”, “vestíveis em fluxo”, entre tantos conceitos que são criados para designar o que se veste em cena e que “são elaborados de modo implicado ao corpo e ao movimento, produzindo imagens, corporalidades e aparências” (Diniz, 2012, p. 87).
O que cobre a pele do ator em cena, e que também pode ser nomeado de acordo com as funções que exercem a partir da concepção da encenação: figurino-máscara, figurino-invólucro, pele-figurino, figurino-espaço-corpo, figurino-prótese, figurino-penetrante… (Silva, 2005), grau zero do figurino (Hoffmann, 2021). O que também pode ser analisado não como “roupa”, mas como “modos do corpo” (Sousa, 2015) a partir do que o figurino constrói para a cena em seu campo expandido.
Ao compreender esta área como um campo empírico e de experimentação, portanto, criativo, nos interessa também abrir espaço para os processos de criação e metodologias que valorizam a criatividade, a inventividade e o trabalho artístico do figurinista/designer de moda e como este profissional transita nos setores da indústria criativa.
Este dossiê pretende reunir e propagar pesquisas que aproximam o campo da moda ao do figurino em diversos meios de manifestação artística, tais como teatro, dança, televisão, cinema, performance, intervenções artísticas etc., abrindo portas para teorias e reflexões sobre as vestes que compõem as práticas das poéticas espaciais, visuais e sonoras da cena. Deseja ainda aproximar pesquisador(a/e) que abordam as relações deste elemento artístico e cênico com suas sensorialidades, identidades, tecnologias, metodologias, entre outros entrelaçamentos e dar oportunidade a perspectivas que desafiem e quebrem paradigmas, aspectos historiográficos e elementos contemporâneos que interconectam a discussão.
O dossiê está aberto às pesquisas multidisciplinares e cartografias que dialoguem com outros campos do saber, incluindo a moda, as artes cênicas e visuais, e o pensamento transversal junto às ciências humanas em geral (filosofia, psicologia, sociologia, antropologia, semiótica…), se ampliando academicamente como um campo de cultura expandido e interdisciplinar.
Entende-se com isso, que as dimensões científicas, artísticas, tecnológicas e
econômicas serão contempladas ao buscar, nesta discussão que aproxima os campos da moda e do figurino, uma ampla possibilidade de atualização de novos conhecimentos e aprofundamentos, servindo de estímulo para construção de material teórico específico da área.
Portanto, interessa para este dossiê as seguintes abordagens de pesquisa:
- Diálogo Moda e Figurino: sua relação e campos de atuação;
- O figurino e o figurinista;
- Processos criativos e metodologias de desenvolvimento;
- Figurino, figurinista e o setor da indústria criativa;
- Figurino, artes cênicas e visuais;
- Poéticas espaciais, visuais e sonoras da cena e suas vestes;
- Experimentações cênicas com trajes, para além de qualquer fronteira;
- O figurino nas performances e instalações.
Bibliografia:
BARI, V.; VELOZ, P. Descubrir el vestuario: en las artes espetaculares. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Eudeba, 2021.
DINIZ, C. Vestíveis em fluxo: a relação implicada entre corpo, movimento e o que se veste na cena contemporânea. 2012. 105 f. Dissertação (Mestrado em Dança) - Escola de Dança, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012.
HOFFMANN, A. Fiapos, retalhos e (sobras) para possíveis entrelaçamentos entre figurino e moda na construção dos corpos performáticos contemporâneos. In: VIANA, F.; MUNIZ, R. (Org.). Diário de pesquisadores: traje de cena. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2012, p. 169-183.
_____. O grau zero do figurino: aprender na d’obra. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2021.
_____. Performance Sulcos: corpo, traje de cena e criação. In: VIANA, F.; MOURA, C. (Org.). Dos bastidores eu vejo o mundo: cenografia, figurino, maquiagem e mais. São Paulo: ECA/USP, 2017, v. 2, p. 232-243.
MUNIZ, R. Vestindo os nus: o figurino em cena. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio, 2004.
_____. Terminologias. In: ROCHA, R. M. Um panorama do traje teatral brasileiro na Quadrienal de Praga. Tese (Doutorado em Artes Cênicas). Escola de Comunicações e Artes, USP. São Paulo, 2016.
PANTOUVAKI, S.; MCNEIL, P. (org.). Performance costume: new perspectives and methods. 1. ed. Great Britain: Bloomsbury Visual Arts, 2021.
PIRES, B. O corpo como suporte da arte. São Paulo: Editora Senac, 2019.
RAMOS, A. O designer de aparência de atores e a comunicação em cena. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013.
SILVA, A. J. Para acabar com o “costume”: figurino-dramaturgia. 2005. Dissertação (Mestrado em Teatro). Centro de Artes, Universidade Estadual de Santa Catarina. Florianópolis: 2005.
_____. J. Figurino-penetrante: um estudo sobre a desestabilização das hierarquias em cena. Tese (Doutorado em Artes Cênicas). Escola de Teatro, Escola de Dança, Universidade Federal da Bahia. Salvador: 2010.
SOUSA, H. H. P. Vestimentas em performance: composições em modos do corpo. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas). Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2015.
VIANA, F.; VELLOSO, I. Roland Barthes e o traje de cena. São Paulo: ECA/USP, 2018.